segunda-feira, 14 de março de 2011

Não perca um só minuto de sono pelo que disseram de você

Uma das lições mais difíceis da vida é conseguir manter a serenidade e o bom humor enquanto sabemos que alguém fala mal de nós. Somos, às vezes, capazes de suportar tudo, menos a língua que se volta contra a nossa pessoa.

Saber lidar com esta situação é um sinal de que compreendemos que sempre teremos oposições, haverá pessoas que não gostam de nós, e que vez ou outra seremos mal compreendidos. E não é qualquer um que passa por essa prova com um espírito manso e tranqüilo.

Muitos falam por presunção, outros por estreiteza da alma, outros porque têm baixa auto-estima e ao falar de alguém se sentem de alguma forma superior – é uma compensação que dá um prazer momentâneo. E por último, falam, por uma razão muito simples: nós também erramos – e é muito importante admitir isso.

Não ceda ao impulso de responder à altura, de revidar, de dar o troco. Pelo contrário, amontoe “brasas” na cabeça de quem fala. Demonstre sua fé Naquele que reina, sabe todas as coisas e que pesa o coração. Esqueça, e dê de ombros, pois se falaram é porque Deus permitiu e o Senhor pode transformar aquilo que foi “mal dito” em “bem dito”.

Se chamaram a Jesus de glutão e beberrão, se rangiam os dentes contra Davi, se Eliseu foi zombado por ser careca, se a Paulo chamaram de louco, se Ana estava no templo orando em voz baixa e o sacerdote Eli achou que ela havia “tomado todas”, se a Timóteo desprezaram porque era jovem demais, se os próprios irmãos de Moisés – Miriam e Arão – reclamaram dele, e se os melhores amigos de Jó insistiam que tinha coisa errada em sua vida, então você está em boa companhia.

Não perca um só minuto de sono pelo que disseram de você. Em Eclesiastes diz: “Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem” (Ecl 7.21).

Quando o rei Davi passava com sua comitiva por uma cidade, saiu um homem, cujo nome era Simei, que amaldiçoava o rei, atirava pedras sobre ele e dizia repetidas vezes: “Fora daqui, homem de sangue, homem de Belial” (2Sm 16.7). O chefe da guarda de Davi indignou-se e disse “Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar e lhe tirarei a cabeça”. Mas Davi dá uma resposta surpreendente: “Deixai-o; que amaldiçoe, pois o Senhor lhe permitiu. Talvez o Senhor olhe para a minha aflição e me pagará com bem a sua maldição deste dia” (2Sm 16.12).

Nos desígnios ocultos de Deus foi permitido que aquele homem, dotado de maldade em seu coração, proferisse aquelas palavras. O motivo? Deus se serve do coração dos maus para transformar a maldição intentada em bênção divina. Davi sabia disto, conhecia o seu Senhor, e deu de ombros à maldição imprecada contra ele.

Creio que devemos agir assim também. Deus se agrada em consolar e abençoar aos seus filhos que tem sofrido pela maldade de outros. Só o Senhor pode transformar maldição em bênção. Por isso, se falarem mal de você por agir em amor, glorie-se no Senhor, pois Ele permitiu para dar-lhe consolo e para que você busque somente o louvor que vem da parte Dele..

Certa manhã um pai convidou o seu filho para um passeio no bosque. Em certo momento o pai parou e perguntou: - Você ouve alguma coisa?

E o filho respondeu: - Estou ouvindo um barulho de carroça.

-Isso mesmo, disse o pai, e uma carroça vazia.

O menino então pergunta: como você pode saber se a carroça está vazia?

Ora, o pai respondeu. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia, maior o barulho que faz. Aprenda a lição, filho:

- Quando a pessoa fala demais, grita – com o propósito de intimidar – trata o próximo com grossura, e quer demonstrar que é dono da verdade absoluta, lembre-se da carroça vazia.

sábado, 29 de janeiro de 2011

SEPARADOS PARA ESPALHAR ALEGRIA

“Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”

(At 13.2)

Em todos os tempos e épocas vemos Deus separando homens e mulheres para realizarem o chamado divino em suas vidas. São os chamados “santos” (do Gr. Hagios e do Hebr. Kodesh) que o Eterno separou para si, para anunciarem as Boas Notícias de reconciliação a todo aquele que desejar ouvir.

O santo de Deus não é o ‘separado do mundo’ para não se contaminar com suas mazelas, como os fariseus pensavam, mas é aquele que aceitou sobre si o seu chamado, a sua missão, e o cumpre. Sobre Paulo, por exemplo, recaía o chamado de pregar o evangelho, e ele chega a dizer: “ai de mim se não o fizer” (1Co 9.16). Ou seja, a vontade de Deus está aí sobre nós, e podemos reagir favorável ou desfavoravelmente a ela. Entretanto, é importante saber que nossos atos e decisões gerarão um juízo divino sobre eles.

Servir a Deus é entregar a nossa agenda a Ele para que nossas prioridades sejam re-ordenadas. Na verdade, só existem dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus – “seja feita a Tua vontade”, e aquelas que darão vazão somente a seus desejos. As primeiras desejam que Deus reine em suas vidas, no lar, nos negócios. As últimas pretendem seguir os seus instintos. Cabe aqui uma advertência: lutar contra a vontade de Deus sobre nossa vida é o caminho da infelicidade e o início do naufrágio pessoal.

Rudes pescadores cuja única pretensão era jogar diariamente suas redes ao mar, e sustentar suas famílias com os peixes vendidos, foram chamados para um propósito que jamais poderiam sonhar.

O que dizer de Gideão, malhando o trigo para sustentar sua família, e Deus o escolhe para livrar toda a nação das mãos dos opressores midianitas. Ele retruca, dizendo-se incapaz, mas Deus insiste no Seu propósito. Lição: Às vezes estamos vivendo tão absortos, cuidando de ‘nossa’ sobrevivência, pensando em ‘nossa’ família, em ‘nossas’ dores e necessidades, e vem o Senhor e nos diz: “Eu não quero mais vê-lo tão preocupado com as suas coisas... deixe que delas Eu cuido. Eu tenho um ‘servicinho’ pra você”.

Entretanto, há um preço em servir a Deus. Quem é confrontado pelo Evangelho é desafiado a apostar tudo nele. É isso o que acontece nas parábolas de Jesus: o homem que achou a boa pérola, foi e vendeu tudo o que possuía para ficar com ela. O que achou o tesouro no campo também.

O escritor Leo Buscaglia conta a história do garoto Jamie que estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe tinha procurado preparar seu coração, pois ela temia que ele não fosse escolhido. No dia em que os papéis foram anunciados, ela foi buscá-lo. Chegando ao portão, Jamie correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção:

- “Adivinha o quê, mãe!”. E disparou as seguintes palavras:

- “Eu fui escolhido para bater palmas e espalhar alegria!”

Fico me perguntando se não é justamente esse chamado que Jesus tem para todos nós, mas temo que só uma pequena parcela de cristãos compreendeu isso. A maioria ainda está demasiadamente preocupada consigo mesma. Não entenderam ainda nada do que Jesus mostrou em todo o seu ministério: a importância da simplicidade, da misericórdia, da tranqüilidade dos pássaros, não entendeu nada sobre o perdão, sobre a graça que vem sobre maus e bons.....

O mundo não suporta mais religiosos cheios de “queixavor” (um pouco de queixa, um pouco de louvor), estéreis, briguentos, nuvens carregadas sem chuva. De nada vale ser chamado de “crente” ou “evangélico”, ou qualquer outro nome, se não temos espalhando nada de bom à nossa volta.

É engraçado que as pessoas acham que o seu chamado ou a sua missão estão longe, num lugar diferente de onde elas se encontram. Porém, na maioria das vezes o chamado a servir está justamente onde você está: em sua casa, no seu bairro, em seu trabalho, em sua igreja. O gadareno liberto de demônios queria seguir a Jesus e fazer missão transcultural. Bondosamente o Mestre o envia, mas de volta pra casa: “volta pra tua esposa, pra tua cidade, para os teus filhos... e anuncia-lhes o que Deus fez por ti”.

No Reino de Deus não há serviço menor ou maior, chamado menos importante ou mais importante. Antes de Davi ser ungido como rei em Israel, ele foi escolhido para guardar o rebanho de seu pai. Sim, escolhido para afugentar lobos, e atirar pedra em chacais. O genuíno amor está sempre preocupado com o específico, e não apenas com o geral, com alguém, uma pessoa, e não com várias coisas (E.Peterson). É fácil deixar de dar valor às coisas comuns e presentes à nossa frente, mas Deus tem essa maneira peculiar de nos apresentar Seu chamado. Tudo que Davi fez foi com um coração tão puro, que o Senhor o escolheu para ser rei de uma nação.

É preciso aprender que na vida nem sempre seremos contados entre os melhores, nem teremos beleza marcante, e provavelmente seremos reprovados nos melhores concursos. E é possível que durante toda a nossa vida não sejamos conhecidos por mais de uma centena de pessoas. Por isso sempre gosto sempre de pensar nos inúmeros anônimos servidores do Rei, que estão espalhando bondade, alegria, e uma forma diferente de viver, pessoas que vale a pena estar ao lado delas.

Creio que Deus sempre está chamando pessoas a viver de uma forma diferenciada no mundo, ainda que anônimas. Talvez a oração que Deus mais se agradaria em ouvir de nossos lábios, não seria o pedido de um aumento de salário, ou um carro melhor, mas: “Senhor, ensina-me a viver, ensina-me a ouvir Teu chamado. Não tenho nada de especial, mas aquilo que sou eu ofereço integralmente a Ti. Amém”.